A campanha Linha Vermelha, que começou em 2017, é uma campanha nacional, educativa, mobilizadora e de sensibilização que nasceu com o objectivo final de bloquear a exploração de combustíveis fósseis em Portugal. E conseguimos! Em quatro anos, todos os 15 contratos de perfuração de petróleo e gás foram cancelados. Utilizamos o craftivismo para sensibilizar e mobilizar as pessoas para o movimento pela justiça climática. Utilizamos as artes manuais, como o tricô, como uma forma criativa de nos envolvermos com não-activistas em questões de justiça climática. Acreditamos que as artes e ofícios são uma forma extremamente eficaz de abrir a mente das pessoas a novas informações, desconstruindo preconceitos e tornando as conversas mais envolventes e divertidas. O tricô e o crochê servem como um lubrificante social e podem baixar as barreiras políticas/capitalistas e os preconceitos que as pessoas têm.

Somos um grupo de artistas e activistas que utilizam o craftivismo para envolver especialmente os não activistas, que não estão tão conscientes da luta pela justiça climática. A campanha é promovida pela organização sem fins lucrativos Academia Cidadã.

Para mim, João Costa (mentor e co-coordenador), a campanha significa muito porque desde que a campanha começou, mudei completamente a minha vida. Deixei o banco onde trabalhava e agora dedico-me, precariamente, ao activismo. Aprendi muito e a Campanha da Linha Vermelha serviu para acrescentar mais pessoas ao movimento pela justiça climática em Portugal.

A Linha Vermelha nasceu porque, num evento, reunimos activistas e tricotadeiras e foi um momento mágico! As tricotadeiras ensinaram as activistas a tricotar e as activistas partilharam os seus conhecimentos sobre a crise climática num ambiente informal e a conversa fluiu de uma forma espantosa. A nossa missão começou aí, pois compreendemos o potencial que o craftivismo tem de unir pessoas diferentes e ao mesmo tempo quebrar preconceitos.

O tema da crise climática é um tema que diz respeito a todas as pessoas, mas nem todas as pessoas estão interessadas nele e rapidamente compreendemos que o craftivismo pode ser aquela faísca que leva as pessoas a estarem mais dispostas a ouvir e a compreender outras pessoas e os temas que ainda não compreendem muito bem.

Organizámos e co-organizámos eventos em cafés, escolas, retrosarias, em locais públicos e visitámos também universidades sénior. Em todos os eventos conseguimos reunir pessoas de diferentes idades e géneros. Em cada momento facilitámos contactos e conversas entre diferentes pessoas e gerámos compreensão e compaixão entre as pessoas. Aprendemos que tricotar em público é um acto disruptivo nas sociedades capitalistas e ainda mais se quem estiver a tricotar forem homens cis!

Aprendemos que o tricô nos ajuda a comportar de uma forma mais humana e as conversas fluem melhor, uma vez que a vontade das pessoas em ouvir é muito maior!

Tricotámos e crochetámos 1200 metros de Linha Vermelha

https://www.youtube.com/watch?v=_ZWwC5a_CiE&t=4s

Juntámos 40 grupos informais para tricotar >> 

Flash mob no web summit, em parceria com Tamera – 2017

Acção directa na sede da GALP

As Linhas Vermelhas numa manifestação

Activistas e “não activistas” a partilharem conhecimentos

A acção aérea que desenvolvemos em parceria com Tamera e outros movimentos onde reunimos activistas de todo o mundo foi um momento mágico, poderoso e histórico para o movimento pela justiça climática em Portugal.

O CAMP IN GAS (primeiro acampamento de acção pela justiça climática em Portugal), organizado em conjunto com a população local e outras organizações, foi um momento incrível. Estivemos na aldeia de Bajouca durante duas semanas. Fomos aos mercados locais, aos cafés, falámos com muitas pessoas e também estivemos presentes numa feira de artesanato local. Realizou-se o acampamento pela justiça climática e recebemos mais de 200 pessoas. Tivemos workshops sobre cerâmica, carpintaria, acção directa não violenta, justiça climática e várias acções de formação para a desobediência civil. No dia da acção tivemos mais de 400 pessoas na manifestação em Bajouca e plantamos com sucesso várias árvores autóctones na terra da empresa que queria fazer fracking.

Antes de CAMP IN GAS fomos com 30 pessoas de todo o país para o local da empresa Australis Oil & Gas e tricotamos a Linha Vermelha. Este momento foi um dos mais memoráveis porque permitimos que novas pessoas se encontrassem, partilhassem boleias entre eles e dormissem nas casas da população locais. Este momento consolidou o nosso trabalho com a população local e garantiu que nunca permitiríamos o fracking em Bajouca.

Outro momento poderoso foi quando levámos as nossas linhas vermelhas à manifestação nacional do movimento FFF e as pessoas agarraram nas Linhas Vermelhas e mostraram-nas ao mundo inteiro! Criou um efeito visual muito forte e também gerou orgulho nas tricotadeiras!

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